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Rotas e Caminhos
A Norte de Portugal, Arouca, Grijó, Rendufe, Tibães, Pombeiro e Vilar de Frades acolhem Mosteiros que são importantes heranças da arquitetura religiosa monástica. Classificados como Monumentos Nacionais ou Imóveis de Interesse Público, são parte de um espólio que tem perdurado no tempo e que valoriza a envolvente, rural ou urbana, em que estão inseridos.
As suas paredes acolhem as memórias de uma nação, e nos seus chãos pisaram personagens reais, clérigo dominante e anónimos peregrinos que, em muitos casos, procuraram estes espaços para se abrigarem.
Diz-se que “a fé move montanhas”, mas a curiosidade de quem fomos também nos faz, tantas vezes, pôr os pés ao caminho. Sejamos ou não católicos, pratiquemos a curiosidade e o espanto. Venha connosco conhecer a Rede de Mosteiros no Norte de Portugal.
O Mosteiro de Arouca, exclusivamente feminino desde 1154, foi doado por D. Sancho I à sua filha, D. Mafalda, tendo esta acabado por aqui ser sepultada.
Alberga atualmente um soberbo Museu de Arte Sacra, um dos melhores em toda a Península Ibérica: aproveite e demore o olhar para os diversos objetos de culto, no mobiliário, nos manuscritos litúrgicos e nas raríssimas peças de escultura, pintura, tapeçaria e ourivesaria. Deleite-se e encha o peito com as sinfonias do passado, guardadas nos raríssimos livros de música, datados do século XIII até ao século XIX, que possuem um incontornável interesse histórico.
No coração da vila de Grijó, reside o antigo Mosteiro de S. Salvador, um inquestionável testemunho arquitetónico, constituído pela Igreja, pela sacristia e pelo claustro com chafariz de cantaria e coroa. Classificado, em 1938, como Imóvel de Interesse Público, acolhe o túmulo do filho ilegítimo de D. Sancho I, o infante D. Rodrigo Sanches.
Acredita-se que o primeiro Mosteiro de São Salvador de Grijó terá sido fundado em 922, no lugar de Muraceses, pelos clérigos Guterre e Ausindo Soares. Só em 1112 terá sido transferido para a sua atual localização. Em 1770, extinguiu-se o convento e os seus bens foram transferidos para o Convento de Mafra. Mas a história não ficou por aqui. Rume a Grijó e venha descobrir mais.
Este Mosteiro, que integra a Rota do Românico do Tâmega e Sousa, é um dos mais antigos em Portugal, aparecendo em documentos desde 853. Recebeu carta de couto de Dona Teresa em 1112 e foi patrocinado pela reputada família dos Sousões de Ribavizela.
Graças às dádivas da família Sousões e dos fiéis, Pombeiro chegou a deter 37 igrejas e um invejável rendimento anual, mas também serviu de abrigo à corte e aos peregrinos em viagem. Foi classificado como Monumento Nacional a 23 de junho de 1910.
É à época do Conde D. Henrique que remonta a história deste mosteiro beneditino. Do monumento, com origem anterior a 1090, nada resta, resultado das reformas posteriores. A igreja atual, concluída em 1151 como indica a inscrição no pavimento, acolheu importante talha barroca.
No século XVIII, o Mosteiro foi alvo de atividade construtiva constante, que acabaria por reformar integralmente a igreja e as restantes dependências conventuais. No entanto, muitas delas acabariam por desaparecer no incêndio que ocorreu em 1877. A história não ficou por aqui, venha testemunhá-la pessoalmente.
Fundado em finais do século XI, o Mosteiro de São Martinho de Tibães acolheu monges que se pautavam pelas regras do silêncio, da obediência, da pobreza, da oração e do trabalho, prescritas por São Bento de Núrsia.
Quando se deu a extinção das Ordens Religiosas (em 1833/34), encerrou-se o Mosteiro e inventariou-se os seus bens, que foram postos à venda, excetuando a igreja, o passal e uma zona conventual, que continuaram propriedade do Estado Português.
Classificado como Imóvel de Interesse Público em 1944, este espaço com mais de 40 hectares de história, acolhe, entre outros, um Museu-Monumento, um jardim histórico, uma hospedaria e um restaurante. Venha visitá-lo e demore-se por aqui.
Terá sido o bispo S. Martinho de Dume quem fundou o mosteiro beneditino de Vilar de Frades, em 566. Na sequência das invasões muçulmanas, acabaria por ficar em ruínas, sendo completamente reconstruído quinhentos anos mais tarde (1070), por ordem de D. Godinho Viegas.
O belíssimo chafariz, que outrora se localizou no pátio do convento e foi classificado como Monumento Nacional, foi transferido para Barcelos em 1967. O atual foi mandado construir pelo reitor Joaquim Lopes da Costa, entre 1790 e 1792.
Por onde passe, aproveite para conhecer as gentes e para conversar. Transportam também elas consigo pedaços desta herança que é ser português, tecido por tantos fios de histórias. Sente-se à mesa, sem pressa, alimente o corpo e a mente e faça planos para voltar.