Marque já a sua experiência!
rota arquitetura

Rota da Arquitetura

Routes

Rotas e Caminhos

Rota da Arquitetura no Norte de Portugal

A arquitetura no Norte de Portugal está profundamente enraizada na identidade cultural da região. Das aldeias graníticas intemporais às arrojadas estruturas contemporâneas, o património construído é também ele um sinónimo da história do povo e da paisagem. No Norte, a arquitetura não cabe em qualquer museu: precisa de ser respirada e vivida, in loco. Só dessa forma é possível entender que cada obra nasce do seu território e carrega séculos de memória​.

 

A riqueza arquitetónica do Norte de Portugal desdobra-se, generosamente, numa multiplicidade de estilos, de tradições e de técnicas, que resultam num diálogo entre o passado e o presente, feito de pedra, madeira, vidro e betão.

Rota da arquitetura tradicional: pedra, paisagem e memória

Nas verdejantes terras do Minho e nos contrafortes escarpados do Gerês, a arquitetura tradicional ergue-se como testemunho de séculos de adaptação ao meio e aos costumes locais.
 


No Alto Minho, o granito abunda – “porventura a mais nobre das pedras quando se trata de construir” –, assumindo o papel de aliado na proteção das populações do frio invernal e do calor estival​.

espigueiros soajo

Espigueiros do Soajo, Arcos de Valdevez

Estas singulares estruturas, denominadas de canastros ou hôrreos (numa herança galaico-minhota), são pequenos celeiros construídos em pedra, estreitos e compridos, suspensos sobre estacas curtas coroadas por pedras circulares.
 

A forma não é mero capricho estético: um espigueiro serve fundamentalmente para guardar e secar as espigas de milho, protegendo-as da humidade e dos roedores. As suas paredes ostentam fendas verticais que deixam passar o ar, permitindo ventilar e secar o milho​. No topo, sobre as lajes de cobertura dispostas em ângulo, erguem-se pequenas cruzes de pedra, invocando proteção divina para a colheita.
 

Na região minhota é possível encontrar diversos exemplos destes celeiros comunitários. No Soajo, concelho de Arcos de Valdevez, vinte e quatro espigueiros de granito (o mais antigo datado de 1782) dispõem-se harmoniosamente sobre um afloramento rochoso, rodeando a antiga eira do povoado. Este conjunto foi classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1983.​

espigueiro lindoso

Espigueiros de Lindoso, Ponte da Barca

Em Lindoso, um mar de espigueiros estende-se aos pés de um castelo do século XIII. São cerca de cinquenta granários de pedra dos séculos XVII e XVIII, formando um aglomerado singular de rara beleza, integralmente construído em granito​.

 

Cada um deles suportado em pilaretes curtos fincados na rocha e encimados por mós circulares, sobre os quais assenta o corpo do espigueiro, rematado por duas lajes em forma de telhado e pelas omnipresentes cruzes protetoras.​

Brandas e Inverneiras

Talvez nada traduza tão bem a relação harmoniosa (e sazonal) entre as gentes e a terra como o sistema das brandas e inverneiras.
 

Exclusivo de algumas áreas montanhosas do Alto Minho - como a região de Castro Laboreiro, em Melgaço -, este modelo de povoamento consiste em núcleos habitacionais duplos: umas aldeias de verão, em altitudes elevadas (as brandas), e outras de inverno, em cotas mais baixas e abrigadas (as inverneiras)​.

Uma viagem pelas memórias de outros tempos

No Norte de Portugal, cada recanto guarda vestígios de outras épocas. Aceite o convite para percorrer locais que respiram a alma ancestral do Minho.

Roteiro da Arquitetura Contemporânea: o arrojo do betão, do vidro e do aço

Ao sair das aldeias rurais em direção às vilas e cidades do Norte, o cenário arquitetónico transforma-se gradualmente. O que a tradição construiu em pedra bruta, a contemporaneidade prolonga em formas arrojadas de betão, vidro e aço.
 
O Norte de Portugal é berço e palco de alguns dos maiores nomes da arquitetura mundial. Dois deles, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura – ambos laureados com o Prémio Pritzker –, fizeram nascer nesta região verdadeiras obras-primas. Além destes, outros arquitetos de renome têm também contribuído para fazer do Porto e do Norte um verdeiro museu a céu aberto de arquitetura contemporânea, onde o vanguardismo muitas vezes se alia à reabilitação do património.

Casa da Arquitectura, Matosinhos

A Casa da Arquitectura – Centro Português de Arquitectura, é uma instituição inteiramente dedicada à divulgação e à preservação da arte arquitetónica. A própria sede é um perfeito exemplar do casamento entre o passado industrial e o design contemporâneo. 

 

Ocupa parte do quarteirão da antiga Real Vinícola, um conjunto de armazéns vinícolas do final do século XIX, que foram cuidadosamente restaurados pela Câmara de Matosinhos e adaptados pelo arquiteto Guilherme Machado Vaz​.

mercado bolhao

Mercado do Bolhão, Porto

Este mercado de 1914, em estilo Beaux-Arts, foi durante décadas o coração comercial do Porto, famoso pela sua arquitetura de ferro e pela atmosfera pitoresca das vendedoras de produtos frescos. Após longos anos de espera, o Bolhão foi devolvido à cidade em 2022, totalmente restaurado e modernizado, num projeto premiado de autoria do arquiteto Nuno Valentim​.
 

Quem percorre os corredores do renovado Mercado do Bolhão encontra um ambiente vibrante e autêntico: bancas de frutas, legumes, flores e peixe onde os pregões ecoam sob a grandiosa claraboia central, exatamente como antes, mas agora com melhores condições de conservação e conforto tanto para os comerciantes quanto para os visitantes.

 
A obra, aclamada a nível nacional e internacional, recebeu já diversos prémios pela sua excelência em restauro e renovação do património​, provando que a arquitetura contemporânea pode também expressar-se através do cuidadoso resgate do passado.

Piscina das Marés

A Piscina das Marés (1966) é uma manifestação do génio de Siza Vieira em diálogo com a natureza. Escavada na própria praia de Leça, estas piscinas públicas de água salgada utilizam as rochas naturais como parte da estrutura, fundindo construção e paisagem. Caminhar pelo passadiço de madeira que conduz às piscinas é entrar num jogo de descoberta visual: de um lado as dunas e o mar, do outro a geometria minimalista dos tanques e dos balneários em betão aparente.
 

Classificadas como Monumento Nacional em 2011, a Piscina das Marés é, nas palavras de alguns, um labirinto sensorial, um espaço onde água, pedra e céu compõem um cenário de contemplação único.

Casa de Chá da Boa Nova

Imagine um edifício que surge entre rochedos batidos pelas ondas, ora escondido, ora revelado: assim é a Casa de Chá da Boa Nova, projeto de juventude de Siza Vieira, classificada como Monumento Nacional.
 

Inaugurada em 1963 como casa de chá e recentemente reconvertida em restaurante, esta obra dialoga intimamente com a paisagem atlântica. Grandes planos horizontais, paredes de xisto e madeira, e amplas janelas abrem vistas para o infinito do mar.

casa da musica

Casa da Música

Com a assinatura de Rem Koolhaas, a Casa da Música é já um marco essencial da arquitetura contemporânea, atraindo visitantes de todas as partes do mundo, que celebram sua audácia, imponência e versatilidade. Koolhaas partiu de um projeto inicial, a casa Y2K, transformando-a radicalmente em termos de escala e de propósito. Com mestria, moldou e expandiu o conceito original, dando origem a uma obra monumental que reflete a sua genialidade criativa.
 

A característica mais marcante do projeto é a fluidez visual que une o interior e o exterior, bem como os diversos espaços internos. Essa relação cria uma atmosfera de mistério e ambiguidade, estimulando os sentidos ao longo de toda a experiência, como se o edifício fosse uma "caixa de surpresas" em constante revelação. 

serralves museu

Museu de Arte Contemporânea de Serralves

Desenhado por Siza Vieira, integra-se com elegância nos jardins da antiga Casa de Serralves. As linhas depuradas do museu dialogam com a arquitetura art déco da Casa-Mãe (Casa de Serralves, anos 1930), criando um percurso arquitetónico que vai do classicismo ao modernismo.

Garanta já a sua entrada – reserve os bilhetes online

Paços do Concelho da Trofa

A reabilitação e ampliação dos antigos edifícios da “Indústria Alimentar Trofense” em sede dos Paços do Concelho da Trofa é o resultado de um concurso de arquitetura restrito, ganho pela equipa NOARQ, em 2016, para o município mais jovem de Portugal, o único que não tinha um edifício institucional. O edifício nasceu da reabilitação do património industrial.

Casa das Artes de Famalicão

Inaugurada em 2001, no Parque de Sinçães, esta casa da cultura é hoje uma das principais salas de espetáculos do país, assumindo a missão de criação e apresentação artística a nível regional e nacional​.

 

O edifício, de traços contemporâneos, evidencia uma integração harmoniosa com a área ajardinada envolvente, articulando auditórios, galerias e foyers num conjunto funcional e acolhedor.

Biblioteca Municipal de Viana do Castelo

A Biblioteca Municipal de Viana do Castelo assume-se como um dos edifícios públicos contemporâneos mais emblemáticos do Norte. Projetada por Álvaro Siza Vieira, foi inaugurada em 2008, nas margens do rio Lima, na zona ribeirinha de Viana, como parte das comemorações dos 750 anos da cidade​.
 

Além de cumprir exemplarmente o seu papel de difusão do conhecimento (acolhendo um acervo de cerca de 100 mil livros e vários serviços culturais), tornou-se já um ex-líbris arquitetónico de Viana do Castelo, prova de como a arquitetura contemporânea pode reforçar a identidade de uma cidade.

Praça da Liberdade e edifícios em Viana

No centro de Viana, junto ao rio Lima, a Praça da Liberdade é um espaço moderno que já se tornou uma referência. Projetada nos anos 1990, pelo arquiteto Fernando Távora – considerado o “pai” da Escola do Porto –, a praça é flanqueada por dois edifícios administrativos de linhas contemporâneas e sóbrias. Da autoria do arquiteto Souto Moura, o centro cultural é caracterizado pela transparência.
 

Desenvolvidos em torno de pátios e galerias cobertas, estes edifícios albergam serviços públicos e comércio, incluindo o Posto de Turismo, da autoria de Bernardo Távora, filho de Fernando Távora. A integração urbana é notável: a praça tornou-se uma nova centralidade, ligando o centro histórico à frente ribeirinha. No centro ergue-se ainda a Estátua da Liberdade de José Rodrigues, evocando a liberdade conquistada após a ditadura.

Cais de Bagaúste, Lamego

Em Bagaúste, perto da Régua, ergue-se um cais flutuante inovador desenhado pelo arquiteto António Belém Lima. O Cais de Bagaúste, concluído em 2013, não toca o chão – “suspende-se na água larga do rio Douro”, como descreveu poeticamente o crítico Nuno Crespo.
 

Integrando um armazém de canoas e uma cafetaria, estas estruturas modernas revestidas a alumínio refletem o sol poente sobre o rio, inserindo-se de forma ousada na paisagem classificada. Além de servir de apoio aos desportos náuticos e cruzeiros, o cais funciona como miradouro alternativo: caminhar sobre a água, entre o bulício dos barcos e a quietude do rio, oferece uma nova perspetiva do Douro.

 

 

O Norte de Portugal ensina-nos que a arquitetura habita a paisagem e as cidades e molda a cultura e o quotidiano das suas gentes. Planeie a sua viagem com tempo, equilíbrio e curiosidade. Traga a máquina fotográfica, mas sobretudo traga o coração aberto para se deslumbrar com cada detalhe, seja o pormenor esculpido num capitel românico ou a forma como um edifício contemporâneo enquadra o pôr do sol.

Descubra de forma personalizada a arquitetura do Porto e Norte – reserve a sua experiência