Caminhos de Santiago
O que Fazer
A partir do século IX, quando foi identificado o túmulo de Santiago Maior, foram surgindo diversos caminhos e rotas percorridos por peregrinos, rumo a Compostela. Estes caminhos de peregrinação – património universal da humanidade - rapidamente assumiram uma inegável importância histórica, espiritual, religiosa, cultural e social.
Os Caminhos de Santiago, desde tempos imemoriais, unem pessoas de diferentes países, classes sociais e motivações, com um desígnio comum: fazer uma viagem, exterior e interior da qual, diz-se, não se regressa igual.
O Norte de Portugal abraça cinco rotas, os Caminhos Portugueses, de peregrinos com destino a Santiago de Compostela: o Caminho da Costa, o Central, o Interior, o de Torres e o Minhoto-Ribeiro. Acompanhe-nos nesta viagem.
Itinerário: Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença.
Pelo Caminho Português da Costa, os peregrinos, abraçados pelas paisagens naturais, mergulham nos lugares históricos, guiados pelos sotaques e timbres das gentes acolhedoras. O mar, as montanhas e os vales enquadram a tradição, que convive com as ruas vibrantes e os centros históricos a fervilhar de vida.
Diz a lenda (do século XVII), que é na praia das Bouças (antigo nome da cidade de Matosinhos) que ocorre um encontro milagroso entre Cayo Carpo, também denominado de “Cavaleiro das Conchas”, e o barco que transportava o corpo do apóstolo Santiago em direção à Galiza. Terá sido assim, dizem, que surgiram as vieiras como símbolo jacobeu.
Esta rota faz-se por terras que integravam o Couto de Leça da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários (ou Ordem de Malta). A partir do Mosteiro de Leça do Balio (localizado a cerca de 1,5 Km deste Caminho), esta Ordem acolhia e dava apoio aos peregrinos que rumavam a Santiago de Compostela, entre eles personalidades reais, como D. Afonso II.
A Vieira e a Seta Amarela são símbolos utilizados para identificar o Caminho de Santiago, reconhecidos mundialmente.
O padre Elias Valiña Sampedro terá começado a pintar setas amarelas, inicialmente para assinalar o Caminho francês, na década de 1970.
Itinerário: Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar, Chaves.
É pelo Interior do país que se estende este Caminho. Partindo das Beiras e passando pelo Douro, onde os vales e os socalcos se vestem de videiras e oliveiras, rumo a Trás-os-Montes. Com as suas íngremes subidas e descidas, coloca à prova a destreza física de quem o atravesse. Desafio certamente compensando pelos inesquecíveis cenários deste Património Mundial da Humanidade.
Esta rota de origem medieval, que atravessa 108 paróquias em território português, é, presumivelmente, o mais antigo caminho de peregrinação de longo curso a partir de Portugal. É, atualmente, um dos cinco caminhos portugueses de peregrinação a Santiago, propostos pelo Ministério da Cultura português para adquirir o reconhecimento de património mundial pela UNESCO.
Durante séculos, só as pessoas mais abastadas tinham possibilidade de percorrer o Caminho de Santiago confortavelmente montadas num animal de carga. Atualmente, é possível fazê-lo por vários meios, incluindo de bicicleta. Estes peregrinos são conhecidos por bicigrinos.
Itinerário: Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Santa Maria da Feira, Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Barcelos, Ponte de Lima, Paredes de Coura e Valença.
O Caminho Central, repleto de tradição, de quintas e solares minhotos, galos de Barcelos, lendas e histórias, é o mais percorrido em território nacional.
Não deixe de visitar a Igreja de Rates. De acordo com a lenda, Pedro de Rates, o primeiro bispo de Braga, convertido ao catolicismo por Santiago, foi morto pela tentativa de conversão da população ao cristianismo. Terá sido sepultado na povoação, numa pequena capela e, mais tarde, trasladado para Braga. Foi também aqui que surgiu o primeiro albergue da era moderna, em Portugal.
Diz a lenda que apareceu em Barcelos um galego que se tornou suspeito. Apesar de jurar inocência, as autoridades prenderam-no, não acreditando que este se dirigia a Santiago de Compostela ou, sequer, que fosse fervoroso devoto do Apóstolo.
Tendo sido condenado, pediu que o levassem ao juiz antes de ser enforcado. Estava o juiz em pleno banquete com amigos, e decidiu o galego apontar para um galo assado e afirmar: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem”. Foi motivo de chacota, mas, o galo acabaria por não ser comido, dado que nenhum dos presentes se aventurou a tal, depois do sucedido. No momento em que ia ser enforcado, o galo assado levantou-se da mesa e começou a cantar. Imediatamente mandaram libertar o galego que, anos mais tarde, regressou a Barcelos e mandou construir um monumento em honra de Santiago e da Virgem.
Itinerário: Sernancelhe, Moimenta da Beira, Tarouca, Lamego, Peso da Régua, Mesão Frio, Baião, Amarante, Felgueiras, Guimarães, Braga, Vila Verde, Ponte de Lima, Paredes de Coura, Valença.
Este Caminho, que recebeu o seu nome em honra do escritor Diego de Torres Villarroelseu, o peregrino mais conhecido, faz-se por estradas medievais. Simultaneamente deslumbrante e duro, faz-se por entre subidas íngremes e centros urbanos, paisagens límpidas e tradições, seis catedrais e quatro locais classificados como património mundial da UNESCO.
É partir à descoberta, com os olhos atentos: ao barroco de Amarante; à fachada da igreja matriz de Sernancelhe, que guarda a mais antiga representação escultórica do apóstolo Santiago em Portugal; à igreja e à fonte de Santiago em Braga e aos antigos mosteiros e albergarias onde, outrora, pernoitavam os viajantes. As representações da adoração pelo Apóstolo e a importância histórica deste percurso são surpreendentes.
A credencial é semelhante a um passaporte que o peregrino deve carimbar em cada etapa. A única credencial oficial e válida é a emitida pelo Escritório do Peregrino. Permite aceder aos albergues e serve como certificação de passagem para poder pedir, no final da peregrinação, a Compostela.
A Compostela é o documento que atesta o fim da peregrinação. Para a obter, tem de percorrer pelo menos 100 quilómetros a pé ou a cavalo, 150 de bicicleta ou 100 milhas marítimas de barco. Pode ser levantada no Centro Internacional de Acolhimento ao Peregrino, na sede das confrarias de peregrinos, em albergues, paróquias e nas associações de amigos do Caminho de Santiago.
Itinerário principal: Braga, Vila Verde, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Monção e Melgaço.
Este é um dos Caminhos Portugueses mais antigos. Com início em Braga (antiga Bracara Augusta), segue pela Baixa Límia, passando pela deslumbrante paisagem da Serra do Gerês–Xurés, pelo acolhedor Minho, até entrar nas terras do Ribeiro. A natureza, o termalismo e o vinho são os três elementos que fazem deste um percurso único.
Este trajeto leva o peregrino por uma viagem povoada por castros e populações pré-históricas, lendas, assentamentos megalíticos e túmulos sepulcrais, histórias, calçadas romanas, caminhos rurais e paisagens absolutamente inesquecíveis.
Pode contar com algumas empresas que dão apoio aos peregrinos em tudo o que precisar, como a Portugal Green Walks e a Explore Iberia.
Seja sozinho ou com apoio, estes são alguns dos cuidados que deve ter antes de se fazer ao Caminho:
Eis alguns dos essenciais que deve levar na sua mochila:
O vestuário deve ser adequado à estação do ano em que tenha decidido fazer o Caminho e às previsões meteorológicas dos locais por onde vai passar.
Objetos opcionais:
Escolher bem o calçado a utilizar durante o Caminho de Santiago é fundamental. O calçado certo ajuda a evitar lesões e outros problemas durante o percurso. Eis algumas dicas e sugestões que o poderão ajudar a fazer as escolhas mais adequadas para o seu caso concreto:
A App do Caminho disponibiliza informações sobre todos os itinerários do Caminho de Santiago desde a entrada na Galiza. É gratuita e está disponível para as plataformas iOS e Android.
Permite aceder a todas as informações dos percursos oficiais dos itinerários; à rede oficial de albergues e respetivas características, horários, localização, telefone e fotografias; a informações sobre eventos (festas, concertos, entre outros); sugestões de locais onde comer e o que visitar; informação em tempo real das condições meteorológicas; contactos e moradas dos centros de saúde e emergência, entre muitos outros.
Bom Caminho!